“Nós não vemos o que vemos, nós vemos o que somos. Só veem as belezas do mundo aqueles que têm belezas dentro de si.”
(( Rubem Alves ))
Eu costumo escrever sobre coisas que eu sei muito, sei nada (e preciso pesquisar) ou simplesmente sobre o que eu sinto e penso. E hoje vou escrever sobre o que eu penso sobre essa busca sem fim das pessoas por suas metades da laranja.
Gente, metade da laranja é um dito popular, só o Fábio Júnior que pensa o contrário. Não é uma verdade absoluta, não é um dos Dez Mandamentos nem está no Corão! É algo interpretativo conforme lhe convém. Nascemos inteiros, isso a Biologia explica, nem precisamos meter Deus no meio do perrengue. Mas ser inteiro não significa ser auto-suficiente, vale lembrar. É bom estar com alguém, mas nas condições certas, digamos assim.
E na boa, o que mais tem nesse mundão de meu Deus são pessoas-metades, incompletas ou pior: completamente vazias que, lógico, não têm lá muito o que oferecer. Duas metades juntinhas não passam de duas metades juntinhas dividindo ou somando(socorro!) suas amarguras e mazelas por serem metades.
Mas por um lado até dá para compreender já que crescemos ouvindo sobre Papai Noel, Coelho da Páscoa, Príncipe no cavalo branco, mocinho, bandido...sei lá, alguém bom ou mau que na hora exata aparecerá para nos salvar, ou seja, para nos dar o que nos falta em nossas medíocres metades de existência.
E então nos acomodamos, deixamos de buscar nossas próprias respostas e formular nossas próprias perguntas. O tempo vai passando e com ele nós e nosso pensamento envelhecidos de que aquele alguém vai chegar e resolver tudo, suprir todas nossas necessidades e fazer a tarefa que na verdade era nossa. Nós deixamos o tempo transcorrer, a vida passar diante de nós esperando que a felicidade chegue montada num cavalo branco ou num Audi – vai saber, né? Rsrs E esquecemos ou simplesmente nos recusamos a acreditar no óbvio, no lógico, no mais sensato que é: um ser humano é capaz de ser feliz, de obter felicidade independente de outro. E se por acaso a felicidade chega no cavalo branco nos agarramos a isso e criamos relacionamentos imaturos e provavelmente doentios onde prevalece a necessidade e dependência do outro porque afinal de contas a felicidade chegou na forma de alguém, na forma de metade da laranja que tanto se procurou. Por certo um relacionamento construindo e forjado nessas bases tende ao fracasso e quando fracassa e perdemos a nossa metade voltamos a ser a metade sozinha a carente que sempre fomos. No fundo duas metades que se encontraram serão sempre duas metades não adianta nem sonhar em ser um inteiro porque isso não vai acontecer.
Em contrapartida temos aquelas pessoas inteiras, extraordinárias e completas. Pessoas que estampam sua autoestima e autorealização e que encontram – sem precisar procurar – porque elas atraem naturalmente outras pessoas inteiras, extraordinárias e completas. Essas são as laranjas inteiras, maduras e doces, são criaturas profundas e de infinitas possibilidades e capacidades que compreenderam que não precisam de mais nada. Esse tipo de pessoa costuma desfrutar o que há de melhor num relacionamento que é compartilhar o seu inteiro com o inteiro do outro.
Então antes de viver nessa busca desenfreada no pomar da vida atrás da sua metade da laranja em outra pessoa, encontre a sua metade em você mesmo. Descubra-se, permita-se, experimente-se, procure-se, conviva consciente e satisfeito na solidão do autoconhecimento e encontre-se. Encontre-se a ponto de se tornar absolutamente cativante que só atrairá outro inteiro e cativante igual a você. É esse encontro de dois inteiros cativantes e iguais que eu entendo por felicidade e plenitude.
By §ënhørítäV.
((Postado originalmente no meu outro Blog em 27/05/15))
By §ënhørítäV.
((Postado originalmente no meu outro Blog em 27/05/15))
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