" ". BÅNQÛÏÑHØ ÐÅ VÏØLËT: junho 2015

quinta-feira, 25 de junho de 2015

O Céu Fica Mais Alegre e Nós Mais Órfãos...


 
O Rio Grande amanheceu cinza(apesar do sol) e muitíssimo triste hoje. Fez a passagem esta madrugada o adorável Antônio Augusto da Silva Fagundes, carinhosamente chamado de Tio Nico. Vou fazer uso sempre do plural porque duvido que haja alguém neste Estado que não o adorasse ou pelo menos simpatizasse reconhecendo seu valor.

 Tio Nico era Advogado, Historiador, Compositor, Músico, Ator, Apresentador de Tv e o que ele mais gostava e justamente o que a maioria menos sabia: era Poeta! E que poeta! É respeitado como autoridade em folclore gaúcho, História do Rio Grande do Sul, antropologia, religiões afro-gaúchas, indumentária do Rio Grande, cozinha gauchesca e danças folclóricas.Além disso, sempre deu a devida importância à dupla ligação da cultura gaúcha com o outro Brasil e com os países do Prata. Tornou-se, assim, com o tempo e apoiado em uma biblioteca preciosa, um estudioso sério, respeitado e aclamado no Rio Grande do Sul, no Uruguai e na Argentina, conferencista bilíngue e autor de inúmeras obras de consulta obrigatória para estudiosos na área.

Pegam muito no nosso pé, às vezes com críticas e colocações bem pesadas referentes a esse tema de “separatismo”.... ahh o Rio Grande se acha melhor que os outros e quer viver isolado, quer ser uma país autônomo. Genteeeeeeeee, realizem, pensem, por favor! Isso é algo que vem desde a época do guaraná de rolha, desde antes de inventarem a roda e vamos morrer todos e essa discussão vai persistir, ou seja, deixe que cada um tenha sua opinião – sim, opinião -  porque isso não passa de opinião. Qualquer pessoa com o mínimo de inteligência, QI acima de dois dígitos e bom senso sabe que isso nunca vai rolar.

 Só citei isso para chegar no ponto principal: um dos símbolos do Rio Grande, Nico Fagundes, pensava assim. Foi Tio Nico que incorporou aqui no Rio Grande a expressão que perdura até os dias de hoje “gaúchos e GAÚCHAS de todas as querências”, para ele nós somos todos iguais. Também pegam no nosso pé e fazem trollagem porque cantamos o Hino Riograndense com orgulho. Pois bem, existe uma ordem para Hinos: Hino Riograndense, Canto Alegretense e Hino Brasileiro. Aí vocês se perguntam: mas que raios é Canto Alegretense? É nosso segundo Hino, escrito por Tio Nico e seu irmão Ernesto “Bagre” Fagundes. Não há um só gaúcho nessa terra que não saiba cantá-lo. E mais uma prova de que para Tio Nico somos um povo só, o refrão começa com “Ouve o canto gauchesco e BRASILEIRO”.


 Os Fagundes vão seguir, Bagre, Neto, Ernesto agora sem Tio Nico, mas sempre seguindo seu legado que é imenso; identificados com o Lenço Branco no pescoço. É lógico que ninguém dos Fagundes lerá isso aqui, talvez um gaúcho ou outro, mas eu não podia deixar passar em branco a perda desta pessoa que tanto nos ensinou, inspirou e principalmente encheu o peito de orgulho de ser gaúcho! Deixo meus sentimentos a família Fagundes e ao Tio Nico que seja recebido no plano espiritual com paz, serenidade, muita luz e amor já que foi isso que ele plantou enquanto esteve aqui conosco neste plano terrestre. E para quem não tiver entendido bulhufas disso aqui ou achado uma estupidez postar algo do gênero nesse blog – que é meu diga-se de passagem – eu pergunto: vocês conseguem imaginar a Bahia sem Caetano, Gil, Bethânia? Imaginar o Rio de Janeiro sem Tom, Vinícius, Noel ou Cartola? Pois é, talvez agora faça um pouco mais de sentido. Deixarei um vídeo com o Canto Alegretense, a letra da música e uma imagem dessa criatura tão especial que foi/é Tio Nico Fagundes.
 

04/11/1934  24/06/2015
 
 
CANTO ALEGRETENSE
(Letra de Antônio “Nico” Augusto Fagundes e música de Euclides “Bragre” Fagundes)
Não me perguntes onde fica o Alegrete
Segue o rumo do teu próprio coração
Cruzarás pela estrada algum ginete
E ouvirás toque de gaita e de violão.
Pra quem chega de Rosário ao fim da tarde
ou quem vem de Uruguaiana de manhã,
tem o sol como uma brasa que ainda arde
Mergulhado no rio Ibirapuitã.
Estribilho:
Ouve o canto gauchesco e brasileiro,
Desta terra que eu amei desde guri;
Flor de tuna, camoatim de mel campeiro,
Pedra moura das quebradas do Inhanduí.
E na hora derradeira que eu mereça,
Ver o sol alegretense entardecer,
Como os potros vou virar minha cabeça,
Para os pagos no momento de morrer.
E nos olhos vou levar o encantamento,
desta terra que eu amei com devoção.
Cada verso que eu componho é o pagamento,
De uma dívida de amor e gratidão.